Pelo menos 12 medicamentos sedativos, como anestésicos e relaxantes musculares, estão em falta no Ceará, segundo levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) realizado junto às Secretarias Estaduais entre os dias 19 e 22 de junho. A lista realizou a checagem de 22 fármacos considerados importantes em procedimentos de intubação de pacientes com Covid-19, cujos agravos respiratórios precisam ser submetidos a ventilação artificial. O problema é recorrente em outros 21 estados.
Entre os insumos zerados no Ceará, estão medicamentos com consumo médio mensal entre 23 mil e 465 mil unidades, como rocurônio e besilato de atracúrio. Outros dois - besilato de cisatracúrio e citrato de fentanila - só dariam cobertura para mais um dia, e, o midazolam, para mais 10 dias. Três fármacos da lista devem durar menos de um mês. Apenas quatro deles têm situação mais "confortável", com duração estimada entre 35 e 90 dias.
"Estamos prestes a ter desabastecimento em todos os estados de medicamentos que a gente chama 'kit de UTI', relaxante, anestésico, etc. Vamos competir de novo na área internacional por medicamentos. Isso demonstra um erro grave de política de planejamento nacional", alertou o secretário-executivo do Conass, Jurandi Frutuoso, durante participação no Seminário de Gestores Públicos - Prefeitos Ceará, na última quarta-feira (24).
Na tarde do mesmo dia, o consultor de assistência farmacêutica do Conselho, Heber Dobis, levou a lista à uma reunião técnica da Comissão Externa de Ações Contra o Coronavírus, da Câmara Federal. Segundo ele, 18 secretarias estaduais estão com atrasos na entrega dos produtos, e 13 dos 20 novos procedimentos de compra abertos nos últimos meses não encontraram fornecedores. A entidade denuncia o desabastecimento dos sedativos desde o fim de maio.